Valtair e Cleide

Principais autores do Humanismo

01/05/2013 18:33

 Bem-vindos, prezados leitores; 

Vamos apresentar nessa postagem os principais autores do movimento do Humanismo, infelizmente não é possível colocar todos. Desejamos uma boa e proveitosa leitura.

   

Autores do Humanismo

 

Os grandes artistas do Humanismo italiano que influenciaram não só os artistas portugueses como outros foram os poetas Dante Alighieri ( 1265-1321)  e Petrarca ( 1304-1374).

 

 

 Francesco Petrarca (1304-1374)

Florentino, o "Pai do Humanismo", grande filósofo, estudou as obras de Cícero, Virgílio e Horácio. Descobriu as "Cartas" de Cícero e as "Instituições Oratórias" de Quintiliano. Foi o primeiro grande humanista do Renascimento e um dos italianos de maior prestígio do seu tempo. Foi encarregado pelos papas de importantes missões diplomáticas. Deixou numerosas obras em Latim, poemas e epístolas, entre as quais destacam-se "África", poemas sobre a segunda Guerra Púnica, em louvor a Públio Cornélio Cipião, O Africano, e "sonetos, canções e cânticos" que compôs em honra da bela Laura de Noves e que, pela beleza e pureza da forma, contribuíram para fixar o idioma italiano.

 

 

 

 

 

 

Dante Alighieri(1265 a 1321)

 

Dante Alighieri foi um  grande poeta mundialmente conhecido. Ele nasceu em Florença Itália no ano de 1265 e faleceu em Ravena (Itália), no ano de 1321.

Este grande artista estudou em sua cidade natal, e, neste mesmo local, iniciou-se na literatura de Virgílio, Estácio e Ovídio.
 
O amor que cultivou por Beatriz Portinari, quando ainda era adolescente, serviu de inspiração para a criação de sua obra mais importante. Nesta obra, Beatriz foi a figura central. Apesar de seu grande amor ter morrido bastante jovem, o poeta a fez permanecer viva em sua memória.  
Seu famoso poema “A Divina Comédia”, é divido em três partes: Inferno, Purgatório e Paraíso. Nesta importante obra da Idade Média, Dante descreve o caminho de sua alma por estes três estágios. 
Embora esta sua grande obra trate dos valores medievais, ela foi capaz de ser valorizada e compreendida mesmo séculos depois.
 
Obras de Dante Alighieri:
 
Divina Comédia (obra mais importante e mais conhecida);                                                                                
De Vulgari Eloquentia ("Sobre a Língua vulgar");
Vita Nova ("Vida Nova");
Le Rime - ("As rimas");
Il Convivio - ("O Convívio");
Monarchia - ("Monarquia");
As Epístolas;
Éclogas;
Quaestio" de aqua et terra.

 

                                                                                                                                                                                                      

 

Autores de Portugal

 

 

Fernão Lopes(1378 ou 1383 à 1459)

 

 As crônicas históricas, como o próprio nome já diz, constituem-se em excelentes registros dos costumes e história de Portugal. Contudo, Fernão Lopes distingue-se dos demais historiadores devido à importância que dava às pessoas do povo, personagens coadjuvantes dos reis. Suas crônicas apresentam um espírito humanista, sendo relevantes tanto para a História como para a Literatura.
Além disso, as histórias são narradas com habilidade, assemelhando-se a novelas de cavalaria.

Obras: Crônica de el-rei D. Pedro I , Crônica de el-rei D. Fernando, Crônica de el- rei D. João.

Veja a seguir o trecho de uma crônica de Fernão Lopes:O cerco de Lisboa é um episódio da guerra entre Portugal e Castela, em 1384, durante a Revolução de Avis).



O cerco de Lisboa  Andavam os moços de três e de quatro anos pedindo pão pela cidade pelo amor de Deus, como lhes ensinavam suas madres; e muitos não tinham outra cousa que lhes dar senão lágrimas que com eles choravam, que era triste cousa de ver, e se lhes davam tomando pão como noz, haviam-no por grande bem.  Desfalecia o leite àquelas que tinham crianças a seus peitos, por míngua de mantimento; e vendo lazerar seus filhos a que ocorrer não podiam, choravam amiúde sobre eles a morte, antes que os a morte privasse da vida: muitos esguardavam  as preces alheias com chorosos olhos, por cumprir o que a piedade manda; e, não tendo de que lhes ocorrer, caíam em dobrada tristeza. .... Ora esguardai, como se fôsseis presentes, uma tal cidade assim desconforta a e sem nenhuma certa fiúza de seu livramento, como viveriam em desvairados cuidados quem sofria ondas de tais aflições! Ó geração que depois veio, povo bem aventurado, que não soube parte de tantos males nem foi quinhoeiro de tais padecimentos!

 

 


 

Gil Vicente(1465-1536)                                                                                                                                                                                     

Poucos fatos são tidos como certos na vida de Gil Vicente. Nasceu por volta de 1465, provavelmente em Guimarães. Em 1509, o rei D. Manuel o nomeou ourives da rainha D. Leonor e em 1513 foi nomeado mestre da balança da Casa da Moeda de Lisboa e trovador. Aproveitou-se do prestígio que a função de organizador das festas da corte lhe conferia para, em 1502, encenar sua primeira peça, o Monólogo do vaqueiro ou Auto da visitação, na câmara da rainha D. Maria, em comemoração ao nascimento do futuro rei  D. João III. Durante trinta e quatro anos Gil Vicente fez representar mais de 40 peças  que nos dão hoje um  amplo panorama da sociedade portuguesa da época.

Inicialmente, recebeu influências dos poemas pastoris do espanhol Juan del Ensina. Contudo, mas acabou por utilizar elementos
tipicamente populares desenvolvidos na Idade Média como as narrativas das novelas de cavalaria, os milagres e mistérios que eram provavelmente
encenados nas igrejas e as farsas com objetivos satíricos. A isso tudo acrescentou o cômico, o religioso, o mistério, o lirismo trovadoresco e a crítica social. Esta última pode ser considerada como seu traço mais humanista.
As peças de Gil Vicente são rudimentares, com poucas rubricas ou indicações de cenários. Isso não quer dizer que sejam de pouco valor estético.
Temos que levar em conta que o texto dramático só está completo quando é encenado no palco. Segundo o crítico literário Massaud Moisés, as peças vicentinas são apenas indicações para a atuação, cabia, pois, ao ator improvisar sobre o texto base, ampliando as falas e incluindo mímicas.
Quando Gil Vicente encenava suas peças, o Renascimento já estava presente, contudo, esse grande dramaturgo, tentava resgatar valores medievais esquecidos.
 
Algumas obras:
 
Autos pastoris: Auto pastoril português e Auto pastoril da Serra da Estrela;
Autos de moralidade: Auto da barca do inferno, Auto da barca do purgatório e Auto da barca da glória, Auto da Lusitânia;
Farsas: Farsa de Inês Pereira, O velho da horta, Quem tem farelos?.
             
 Vejam um trecho do "Auto da Barca do Inferno" .
 
 
— Ó poderoso dom Anrique, cá vindes vós?... Que cousa é esta?...Vem o
 
Fidalgo e, chegando ao batel infernal, diz:
 
Fildalgo — Esta barca onde vai ora, que assim está apercebida?
 
Diabo — Vai para a ilha perdida, e há-de partir logo ess'ora.
 
Fildalgo — Para lá vai a senhora?
 
Diabo — Senhor, a vosso serviço.
 
Fildalgo — Parece-me isso cortiço...
 
Diabo — Porque a vedes lá de fora.
 
Fildalgo — Porém, a que terra passais?
 
Diabo — Para o inferno, senhor.
 
Fildalgo — Terra é bem sem-sabor.
 
Diabo — Quê?... E também cá zombais?
 
Fildalgo — E passageiros achais para tal habitação?
 
Diabo — Vejo-vos eu em feição para ir ao nosso cais...
 
Fildalgo — Parece-te a ti assim!...
 
Diabo — Em que esperas ter guarida?
 
Fildalgo — Que leixo na outra vida quem reze sempre por mim.
 
Diabo — Quem reze sempre por ti?!
 
Hi, hi, hi, hi, hi, hi, hi!...
 
E tu viveste a teu prazer,
 
cuidando cá guarnecer
 
por que rezam lá por ti?!...
 
Embarca — ou embarcai...
 
que haveis de ir à derradeira!
 
Mandai meter a cadeira,
 
que assim passou vosso pai.
 
Fildalgo — Quê? Quê? Quê? Assim lhe vai?!
 
Diabo — Vai ou vem! Embarcai prestes! 
 
(...)
 
 
 

Garcia de Resende(1470 à 1536) 

Garcia de Resende nasceu em meados de 1470 e morreu em 1536. Filho de Francisco de Resende e de Beatriz Bota, porém fora criado pelo Bispo de Évora, Senhor D. Garcia de Meneses. Foi um dos poetas que animaram a vida cultural da corte.          

Um dos seus maiores dons era transformar os seus sentimentos e impressões em versos. Um dos seus maiores objetivos era preservar a poética da época, por este motivo organizou o Cancioneiro Geral, em torno de 1516. É a reunião de mais de mil composições poéticas em Português e Castelhano. A maioria das composições poéticas são amorosas e satíricas. Os poetas contidos no cancioneiro são do século XIV até o século XVI.


Em Miscelânia e Variedade de Histórias de 1554 são esboços históricos da vida nacional e internacional do seu tempo, escrito em verso. No conjunto, a sua obra escrita é de extrema importância para o conhecimento da época, já que nos descreve com elevado detalhe os usos, costumes, trajes, cerimônias, convívio familiar e relações sociais.

Escreveu as seguintes obras:
•Miscelânea (1554)
•Vida e Feitos de João II
•Trovas à morte de D. Inês de Castro
                                               


Trovas à morte de D. Inês de Castro 

"Estes homens d'onde irão?"

Qual será o coração                                          
tão cru e sem piedade,
que lhe não cause paixão
uma tão grã crueldade
e morte tão sem razão?
Triste de mim, inocente,
que, por ter muito fervente
lealdade, fé, amor
ao príncipe, meu senhor,
me mataram cruamente!

A minha desaventura
não contente d’acabar-me,
por me dar maior tristura
me foi pôr em tant’altura,
para d’alto derribar-me;
que, se me matara alguém,
antes de ter tanto bem,
em tais chamas não ardera,
pai, filhos não conhecera,
nem me chorara ninguém.

Eu era moça, menina,
por nome Dona Inês
de Castro, e de tal doutrina
e virtudes, qu’era dina
de meu mal ser ao revés.
Vivia sem me lembrar
que paixão podia dar
nem dá-la ninguém a mim:
foi-m’o príncipe olhar,
por seu nojo e minha fim.

(...)
 

(Fontes de pesquisa:Maussaud Moisés: A Literatura Portuguesa-6ª edição-Cultrix, https://online.unip.br/disciplina/detalhes/4780, https://humanismo.spaceblog.com.br/604077/Principais-Autores/ https://www.triplov.com/poesia/garcia_de_resende e http).
 
 
Valtair e Cleide                                                         

 

 

 

 

 

 

 

                                                                                                                              

 

 

 
 

 

 

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